quarta-feira, 2 de março de 2016

Rio nas olímpiadas


Rio nas Olimpíadas
Kopenhagen, Dinamarca, dois de outubro de 2009: o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, anunciava a futura sede dos Jogos Olímpicos de 2016:

"Tenho a honra de anunciar, hoje, que os jogos da trigésima primeira edição das Olimpíadas serão sediados no... Rio de Janeiro!" (em inglês).

O Rio vencera a disputa com Madri, Chicago e Tóquio e se tornava a primeira cidade sul-americana a sediar uma Olimpíada. Na ocasião, o presidente Lula deu o tom da expectativa diante da escolha histórica:

"Digo com toda a franqueza, chegou a nossa hora. Entre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil é o único país que não sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para os outros, será apenas mais uma Olimpíada. Para nós, será uma oportunidade sem igual: aumentará a autoestima dos brasileiros, consolidará conquistas recentes, estimulará novos avanços. Esta candidatura não é só nossa, é, também, da América do Sul, um continente que nunca sediou os Jogos Olímpicos. Está na hora de corrigir esse desequilíbrio.”

Ele estava errado.

A origem das Olimpíadas remonta à Grécia Antiga, com registro de competições em Olímpia desde o século VIII a.C.. Na era moderna, os jogos começaram em Atenas, também na Grécia, organizados pelo barão francês Pierre de Coubertin, em 1896. Daí em diante, as Olimpíadas aconteceram sempre de quatro em quatro anos, com exceção de 1916, 1940 e 1944, por causa das duas guerras mundiais. A Europa foi escolhida para sediar 18 das 30 edições olímpicas, seguida da América do Norte, com cinco sedes; Ásia, com três; e Oceania, com duas.

Apesar de não ter tido apoio unânime, a candidatura do Rio de Janeiro a sede olímpica mobilizou o país inteiro, com engajamento dos governos federal, estadual e municipal. A aprovação de leis específicas, o uso de recursos públicos para a viabilização dos jogos e a garantia de benefícios para a população colocaram o Congresso Nacional na órbita das Olimpíadas.

A Câmara dos Deputados criou subcomissões para fiscalizar os gastos e o cronograma de obras, inclusive com visitas técnicas ao Rio de Janeiro. As comissões temáticas da Casa vêm promovendo uma série de audiências públicas com foco no legado que a competição deixará para o país. A Comissão do Esporte se esforçou por apresentar emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias da União, a fim de garantir investimentos, inclusive na formação de atleta, conforme registrado nesta reunião do fim de 2014 (10/12), comandada pelo então presidente do colegiado, deputado Damião Feliciano, do PDT da Paraíba:

"A última [emenda] de inclusão de meta [à LDO] é a implantação e modernização, do deputado José Rocha (PR-BA): implantação e modernização de infraestrutura para o esporte de alto rendimento. A justificativa é que, com o advento das Olimpíadas de 2016, o país precisa preparar melhor os seus jovens talentos e a implantação e modernização do espaço esportivo tornará o país mais competitivo."

Em uma das audiências públicas da Comissão do Esporte, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, garantiu aos deputados que os jogos de 2016 serão marcados pela economia de recursos públicos, cumprimento do cronograma de obras e um grande volume de legado para a população, com um histórico bem diferente do verificado na recente Copa do Mundo de futebol, sediada pelo Brasil, em 2014:

"Eu tenho muita convicção de que a história das Olimpíadas é bastante diferente do que foi a história confusa da Copa do Mundo. O modelo construído e a maneira como está se fazendo, inclusive do ponto de vista orçamentário, são bastante diferentes. Quando as Olimpíadas vêm para o Brasil, a gente tem que entender que é uma oportunidade de mostrar um Brasil diferente do país que atrasa licitações e superfatura preços. Então, desde o começo, a gente entende as Olimpíadas como uma enorme oportunidade de transformação."

Em 2014, o Brasil abrigou a Copa da FIFA, com jogadores de 32 países distribuídos em 12 cidades-sede. Os números dos Jogos Olímpicos de 2016 são ainda mais grandiosos. De 5 a 21 de agosto de 2016, 10.500 atletas de 205 países vão disputar 306 provas de 42 modalidades esportivas, incluindo golfe e rugby, que estarão de volta depois de décadas de ausência em Olimpíadas. Os jogos serão realizados em 33 espaços de competição do Rio de Janeiro. Só a disputa do futebol olímpico será fora da capital fluminense, com jogos em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Manaus. Quase oito milhões de ingressos estão sendo colocados à disposição do público.



Perguntado pela Unesp como o Riose tornou sede das olimpíadas, José Roberto Gnecco responde:

“ Fizemos tudo certo. Apresentamos um dossiê de candidatura que respondia a todas as exigências da candidatura. O Brasil já havia sido candidato em 1936, 1956 e 1960, e, mais recentemente, com Brasília em 2000 e Rio de Janeiro em 2004 e 2012. Nessas tentativas, não estava clara, por exemplo, qual era a fonte de recursos financeiros que viabilizaria a preparação da cidade. Também não estavam bem preparadas as propostas técnicas de organização esportiva”.

Nota

  1. Em razão da Copa do Mundo de 2014, hoje 02/03/2016 vemos que os impactos positivos dessas olimpíadas podem ser muito pequenos se comparados ao que poderia ser feito com os recursos destinados a infraestrutura do evento. Infelizmente as coisas podem não acabar como o esperado, porém a equipe Saneamento 2016 sempre espera pelo melhor.





O quê esperar delas?


PROBLEMAS ECONÔMICOS
As Olimpíadas são atualmente, sem sombra de dúvida, um dos maiores eventos esportivos do mundo, e em 2016 elas serão realizadas no Brasil, mais especificamente no estado do Rio de Janeiro. Mas diferente do que a administração brasileira acredita, esse grande evento não é a solução para a crise econômica que o país está enfrentando agora. É um fato que será um grande entretenimento para o povo brasileiro, assim como pode também contribuir para o Brasil se tornar futuramente uma potência esportiva no cenário internacional. Mas mesmo tendo falado o contrário, o Brasil assim como na época da Copa do Mundo, não está preparado para sediar um evento desta categoria, e isso também é um fato.
É fútil negar a realidade da crise econômica que enfrentamos nos dias de hoje. Pois ela não é nada mais do que um resultado natural da má administração, e maus investimentos feitos pelo governo brasileiro.
Mas como as Olimpíadas ajudarão na resolução desse problema?Bem, de acordo com as autoridades administrativas do país, tal evento poderia melhorar a imagem delicada do país desenhada no mercado internacional,e consequentemente atrair mais investimento de capital estrangeiro para o Brasil .
Mas economistas e especialistas possuem uma visão diferente. Por exemplo, Juan Jensen, da consultoria Tendências, disse o seguinte sobre os possíveis impactos das Olimpíadas na imagem do Brasil para o mundo lá fora:
´´No longo prazo de fato existe a possibilidade de que a Olimpíada ajude a promover o Rio como destino turístico mundo afora. Se tudo ocorrer como previsto, sem incidentes de violência, podemos ter um ganho em termos de imagem", diz Jensen.
´´Mas a essa altura não é uma Olimpíada bem organizada que vai mudar o humor do empresário ou convencer estrangeiros a investirem no Brasil. O que convence o investidor é ver que o país está crescendo e que tem um ambiente institucional favorável, respeito às regras e etc.``
Otto Nogami, professor da Insper, também concorda com Jensen, e acrescenta que mesmo os efeitos a longo prazo não estão garantidos.
"Sempre existe o risco de que, se houver qualquer problema durante o evento, a imagem do Rio saia enfraquecida", diz ele.
"Além disso, mesmo olhando apenas para a economia do Estado que recebe os Jogos, é preciso considerar que também haverá feriados e paralisações, que podem neutralizar os efeitos positivos de gastos mais aquecidos em determinados setores."

Mas em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o pesquisador de história social do esporte, Hilário Franco Junior, afirma que um mês de Olimpíada não será capaz de “reverter uma condição de 500 anos” do país. As suas preocupações são claras. Nenhuma nação muda da noite para o dia. As tensões políticas e sociais não vão desaparecer, os brasileiros não se tornaram mais éticos e educados, e o crime organizado não vai declarar paz por causa da festança.
Sendo assim, prefiro concordar novamente com Franco Junior quando ele diz que “temer o desvio de dinheiro público sob o pretexto dos jogos, não é neurose, é simples conhecimento da história nacional”. É esperar para ver.
Contudo, com certeza tal evento levantará a auto-estima da população. Wolfgang Maennig , especialista em economia do esporte da Universidade de Hamburgo, disse o seguinte com relação as olimpíadas:
"Uma Olimpíada é, basicamente, uma grande festa. As pessoas ficam mais felizes. É um momento de celebração do esporte para ser lembrado por muitos anos - mas não mais que isso", diz Maennig, que foi campeão olímpico de remo pela Alemanha Ocidental e esteve em todas as Olimpíadas realizadas desde 1984.
Além do mais, o Ministério do Esporte não quis comentar sobre o impacto econômico das Olimpíadas 2016, mas deixou claro que elas deixarão um legado importante no campo social e esportivo ao contribuir para fazer do Brasil um gigante do esporte, como a China e os EUA(Estados Unidos da América). Mas é claro que para isso se concretizar é necessário que aja mudanças nos investimento dos cofres públicos, pois como o país pode se tornar uma ´´potência esportiva``, se não houver investimento na infraestrutura de treinamento do esporte?
O incentivo à formação de novos atletas virá de forma inédita no país. Não é obrigatório que o país sede das Olimpíadas ganhe medalhas de ouro em todas as modalidades, porém ele não vai querer fazer feio diante de todo o mundo. A ambição é canalizar os esforços na busca de craques que provem que a própria nação, que podemos sim, ser uma potência olímpica
Maennig também disse certa vez que muitos países buscam inflar suas estatísticas de impacto para conseguirem maiores chances de sediarem as Olimpíadas. O Brasil por exemplo, recomendou um estudo de impacto para a FIA(Fundação Instituto de administração) que estimou que os jogos trariam R$120 mil em recursos e geraria 120 mil empregos. Mas para começar os jogos durarão metade do Mundial e ocorrerá em somente um estado, não em 12 como a Copa, de modo que esses números não são realistas.
Desse modo torna-se lógico entender que o Brasil não está preparado para assumir a responsabilidade das Olimpíadas. Isso se vê pela delicada situação da economia, que proporciona uma má infraestrutura e uma frágil imagem no mercado internacional.


PROBLEMAS AMBIENTAIS

   As olimpíadas são um evento gigantesco, e por isso é claro necessitam de muito espaço para suas apresentações,mas isso é claro pode afetar o meio ambiente. Muitas leis de preservação ambiental que protegiam importantes reservas ambientais no Rio, foram mudadas ou até abolidas. E para piorar, algumas foram vendidas a grandes empresas empreiteiras para patrocinarem os jogos em troca.

  O local escolhido para a construção do Campo Olímpico de golfe é um grande exemplo disso. Pois ele ocupará 1 milhão de metros quadrados de Mata Atlântica. Na qual havia uma mistura de mangues e pântanos com cerca de 300 espécies ameaçadas de extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo, e o falcão peregrino.

A prefeitura ignorou um conjunto de leis, desde a Lei Federal da Mata Atlântica e o Código Florestal até leis municipais que classificam a maior parte da terra como Área de Proteção Ambiental (APA), sujeitos às rígidas regras sustentáveis de uso da terra. A parte remanescente da parcela usada para a construção do campo era parte da Reserva Municipal Marapendi, uma área em “proteção permanente”, teoricamente fora dos limites de todo e qualquer desenvolvimento.

Dadas essas proteções, a lei aprovada em dezembro de 2012 é extrema em suas cláusulas. Primeiramente, ela autoriza a construção do campo de golfe dentro das fronteiras da Reserva Marapendi, usando a justificativa de que a construção de um campo de golfe se qualifica como uso sustentável da terra. Além disso, a lei redesenha as fronteiras da Reserva Municipal Marapendi com o intuito de cortar completamente a seção que se enquadra no local do campo de golfe. A lei, de fato, anula o status de área em “proteção permanente”, entregando este pedaço de terra pública a um empreendedor privado, RJZ Cyrela.

Por fim, a organização Cyrela irá utilizar o espaço adquirido para a construção de inúmeros projetos de condomínios e apartamentos de luxo caríssimos. Cada apartamento desses novos prédios custa mais de R$ 16 milhões cada. E a parte mais interessante é todos serão construídos em espaços de preservação ambiental, para que em troca o governo brasileiro possa ter capital e espaço suficientes para a construção de apenas um campo olímpico, então imagine quanto espaço foi devastado e vendido para a efetivação do locais de treino e eventos esportivos restantes.


Finalmente, pode-se concluir que a economia não será a única afetada de modo negativo pelas olimpíadas. O meio ambiente também sairá perdendo, na tentativa da dianteira do país que tenta melhorar a imagem internacional do Brasil para o resto do mundo, e tudo isso sem garantias é claro. Com isso, torna-se necessário uma mudança de rumos na estratégia de realçada econômica do Brasil, pois atual não dando resultados até agora.

Fonte de pesquisa 
Entrevista 
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