Rio nas Olimpíadas
Kopenhagen, Dinamarca, dois de outubro de
2009: o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge,
anunciava a futura sede dos Jogos Olímpicos de 2016:
"Tenho
a honra de anunciar, hoje, que os jogos da trigésima primeira edição
das Olimpíadas serão sediados no... Rio de Janeiro!" (em
inglês).
O Rio vencera a disputa com Madri, Chicago e Tóquio e se tornava a primeira cidade sul-americana a sediar uma Olimpíada. Na ocasião, o presidente Lula deu o tom da expectativa diante da escolha histórica:
O Rio vencera a disputa com Madri, Chicago e Tóquio e se tornava a primeira cidade sul-americana a sediar uma Olimpíada. Na ocasião, o presidente Lula deu o tom da expectativa diante da escolha histórica:
"Digo
com toda a franqueza, chegou a nossa hora. Entre as 10 maiores
economias do mundo, o Brasil é o único país que não sediou os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para os outros, será apenas mais
uma Olimpíada. Para nós, será uma oportunidade sem igual:
aumentará a autoestima dos brasileiros, consolidará conquistas
recentes, estimulará novos avanços. Esta candidatura não é só
nossa, é, também, da América do Sul, um continente que nunca
sediou os Jogos Olímpicos. Está na hora de corrigir esse
desequilíbrio.”
Ele
estava errado.
A
origem das Olimpíadas remonta à Grécia Antiga, com registro de
competições em Olímpia desde o século VIII a.C.. Na era moderna,
os jogos começaram em Atenas, também na Grécia, organizados pelo
barão francês Pierre de Coubertin, em 1896. Daí em diante, as
Olimpíadas aconteceram sempre de quatro em quatro anos, com exceção
de 1916, 1940 e 1944, por causa das duas guerras mundiais. A Europa
foi escolhida para sediar 18 das 30 edições olímpicas, seguida da
América do Norte, com cinco sedes; Ásia, com três; e Oceania, com
duas.
Apesar
de não ter tido apoio unânime, a candidatura do Rio de Janeiro a
sede olímpica mobilizou o país inteiro, com engajamento dos
governos federal, estadual e municipal. A aprovação de leis
específicas, o uso de recursos públicos para a viabilização dos
jogos e a garantia de benefícios para a população colocaram o
Congresso Nacional na órbita das Olimpíadas.
A
Câmara dos Deputados criou subcomissões para fiscalizar os gastos e
o cronograma de obras, inclusive com visitas técnicas ao Rio de
Janeiro. As comissões temáticas da Casa vêm promovendo uma série
de audiências públicas com foco no legado que a competição
deixará para o país. A Comissão do Esporte se esforçou por
apresentar emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias da União, a
fim de garantir investimentos, inclusive na formação de atleta,
conforme registrado nesta reunião do fim de 2014 (10/12), comandada
pelo então presidente do colegiado, deputado Damião Feliciano, do
PDT da Paraíba:
"A
última [emenda] de inclusão de meta [à LDO] é a implantação e
modernização, do deputado José Rocha (PR-BA): implantação e
modernização de infraestrutura para o esporte de alto rendimento. A
justificativa é que, com o advento das Olimpíadas de 2016, o país
precisa preparar melhor os seus jovens talentos e a implantação e
modernização do espaço esportivo tornará o país mais
competitivo."
Em uma das audiências públicas da Comissão do Esporte, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, garantiu aos deputados que os jogos de 2016 serão marcados pela economia de recursos públicos, cumprimento do cronograma de obras e um grande volume de legado para a população, com um histórico bem diferente do verificado na recente Copa do Mundo de futebol, sediada pelo Brasil, em 2014:
"Eu tenho muita convicção de que a história das Olimpíadas é bastante diferente do que foi a história confusa da Copa do Mundo. O modelo construído e a maneira como está se fazendo, inclusive do ponto de vista orçamentário, são bastante diferentes. Quando as Olimpíadas vêm para o Brasil, a gente tem que entender que é uma oportunidade de mostrar um Brasil diferente do país que atrasa licitações e superfatura preços. Então, desde o começo, a gente entende as Olimpíadas como uma enorme oportunidade de transformação."
Em 2014, o Brasil abrigou a Copa da FIFA, com jogadores de 32 países distribuídos em 12 cidades-sede. Os números dos Jogos Olímpicos de 2016 são ainda mais grandiosos. De 5 a 21 de agosto de 2016, 10.500 atletas de 205 países vão disputar 306 provas de 42 modalidades esportivas, incluindo golfe e rugby, que estarão de volta depois de décadas de ausência em Olimpíadas. Os jogos serão realizados em 33 espaços de competição do Rio de Janeiro. Só a disputa do futebol olímpico será fora da capital fluminense, com jogos em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Manaus. Quase oito milhões de ingressos estão sendo colocados à disposição do público.
Em uma das audiências públicas da Comissão do Esporte, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, garantiu aos deputados que os jogos de 2016 serão marcados pela economia de recursos públicos, cumprimento do cronograma de obras e um grande volume de legado para a população, com um histórico bem diferente do verificado na recente Copa do Mundo de futebol, sediada pelo Brasil, em 2014:
"Eu tenho muita convicção de que a história das Olimpíadas é bastante diferente do que foi a história confusa da Copa do Mundo. O modelo construído e a maneira como está se fazendo, inclusive do ponto de vista orçamentário, são bastante diferentes. Quando as Olimpíadas vêm para o Brasil, a gente tem que entender que é uma oportunidade de mostrar um Brasil diferente do país que atrasa licitações e superfatura preços. Então, desde o começo, a gente entende as Olimpíadas como uma enorme oportunidade de transformação."
Em 2014, o Brasil abrigou a Copa da FIFA, com jogadores de 32 países distribuídos em 12 cidades-sede. Os números dos Jogos Olímpicos de 2016 são ainda mais grandiosos. De 5 a 21 de agosto de 2016, 10.500 atletas de 205 países vão disputar 306 provas de 42 modalidades esportivas, incluindo golfe e rugby, que estarão de volta depois de décadas de ausência em Olimpíadas. Os jogos serão realizados em 33 espaços de competição do Rio de Janeiro. Só a disputa do futebol olímpico será fora da capital fluminense, com jogos em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Manaus. Quase oito milhões de ingressos estão sendo colocados à disposição do público.
Perguntado
pela Unesp como o Riose tornou sede das olimpíadas, José
Roberto Gnecco responde:
“ Fizemos
tudo certo. Apresentamos um dossiê de candidatura que respondia a
todas as exigências da candidatura. O Brasil já havia sido
candidato em 1936, 1956 e 1960, e, mais recentemente, com Brasília
em 2000 e Rio de Janeiro em 2004 e 2012. Nessas tentativas, não
estava clara, por exemplo, qual era a fonte de recursos financeiros
que viabilizaria a preparação da cidade. Também não estavam bem
preparadas as propostas técnicas de organização esportiva”.
Nota
- Em razão da Copa do Mundo de 2014, hoje 02/03/2016 vemos que os impactos positivos dessas olimpíadas podem ser muito pequenos se comparados ao que poderia ser feito com os recursos destinados a infraestrutura do evento. Infelizmente as coisas podem não acabar como o esperado, porém a equipe Saneamento 2016 sempre espera pelo melhor.
O quê esperar delas?
PROBLEMAS ECONÔMICOS
As Olimpíadas são atualmente, sem sombra
de dúvida, um dos maiores eventos esportivos do mundo, e em 2016
elas serão realizadas no Brasil, mais especificamente no estado do
Rio de Janeiro. Mas diferente do que a administração brasileira
acredita, esse grande evento não é a solução para a crise
econômica que o país está enfrentando agora. É um fato que será
um grande entretenimento para o povo brasileiro, assim como pode
também contribuir para o Brasil se tornar futuramente uma potência
esportiva no cenário internacional. Mas mesmo tendo falado o
contrário, o Brasil assim como na época da Copa do Mundo, não
está preparado para sediar um evento desta categoria, e isso também
é um fato.
É fútil negar a realidade da crise
econômica que enfrentamos nos dias de hoje. Pois ela não é nada
mais do que um resultado natural da má administração, e maus
investimentos feitos pelo governo brasileiro.
Mas como as Olimpíadas ajudarão na
resolução desse problema?Bem, de acordo com as autoridades
administrativas do país, tal evento poderia melhorar a imagem
delicada do país desenhada no mercado internacional,e
consequentemente atrair mais investimento de capital estrangeiro para
o Brasil .
Mas economistas e especialistas possuem uma
visão diferente. Por exemplo, Juan Jensen, da consultoria
Tendências, disse o seguinte sobre os possíveis impactos das
Olimpíadas na imagem do Brasil para o mundo lá fora:
´´No
longo prazo de fato existe a possibilidade de que a Olimpíada ajude
a promover o Rio como destino turístico mundo afora. Se tudo ocorrer
como previsto, sem incidentes de violência, podemos ter um ganho em
termos de imagem", diz Jensen.
´´Mas
a essa altura não é uma Olimpíada bem organizada que vai mudar o
humor do empresário ou convencer estrangeiros a investirem no
Brasil. O que convence o investidor é ver que o país está
crescendo e que tem um ambiente institucional favorável, respeito às
regras e etc.``
Otto
Nogami, professor da Insper, também concorda com Jensen, e
acrescenta que mesmo os efeitos a longo prazo não estão garantidos.
"Sempre
existe o risco de que, se houver qualquer problema durante o evento,
a imagem do Rio saia enfraquecida", diz ele.
"Além
disso, mesmo olhando apenas para a economia do Estado que recebe os
Jogos, é preciso considerar que também haverá feriados e
paralisações, que podem neutralizar os efeitos positivos de gastos
mais aquecidos em determinados setores."
Mas
em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o pesquisador de
história social do esporte, Hilário Franco Junior, afirma que um
mês de Olimpíada não será capaz de “reverter uma condição de
500 anos” do país. As suas preocupações são claras. Nenhuma
nação muda da noite para o dia. As tensões políticas e sociais
não vão desaparecer, os brasileiros não se tornaram mais éticos e
educados, e o crime organizado não vai declarar paz por causa da
festança.
Sendo
assim, prefiro concordar novamente com Franco Junior quando ele diz
que “temer o desvio de dinheiro público sob o pretexto dos jogos,
não é neurose, é simples conhecimento da história nacional”. É
esperar para ver.
Contudo,
com certeza tal evento levantará a auto-estima da população.
Wolfgang Maennig , especialista em economia do esporte da
Universidade de Hamburgo, disse o seguinte com relação as
olimpíadas:
"Uma
Olimpíada é, basicamente, uma grande festa. As pessoas ficam mais
felizes. É um momento de celebração do esporte para ser lembrado
por muitos anos - mas não mais que isso", diz Maennig, que foi
campeão olímpico de remo pela Alemanha Ocidental e esteve em todas
as Olimpíadas realizadas desde 1984.
Além
do mais, o Ministério do Esporte não quis comentar sobre o impacto
econômico das Olimpíadas 2016, mas deixou claro que elas deixarão
um legado importante no campo social e esportivo ao contribuir para
fazer do Brasil um gigante do esporte, como a China e os EUA(Estados
Unidos da América). Mas é claro que para isso se concretizar é
necessário que aja mudanças nos investimento dos cofres públicos,
pois como o país pode se tornar uma ´´potência esportiva``, se
não houver investimento na infraestrutura de treinamento do esporte?
O
incentivo à formação de novos atletas virá de forma inédita no
país. Não é obrigatório que o país sede das Olimpíadas ganhe
medalhas de ouro em todas as modalidades, porém ele não vai querer
fazer feio diante de todo o mundo. A ambição é canalizar os
esforços na busca de craques que provem que a própria nação, que
podemos sim, ser uma potência olímpica
Maennig
também disse certa vez que muitos países buscam inflar suas
estatísticas de impacto para conseguirem maiores chances de sediarem
as Olimpíadas. O Brasil por exemplo, recomendou um estudo de impacto
para a FIA(Fundação Instituto de administração) que estimou que
os jogos trariam R$120 mil em recursos e geraria 120 mil empregos.
Mas para começar os jogos durarão metade do Mundial e ocorrerá em
somente um estado, não em 12 como a Copa, de modo que esses números
não são realistas.
Desse
modo torna-se lógico entender que o Brasil não está preparado para
assumir a responsabilidade das Olimpíadas. Isso se vê pela
delicada situação da economia, que proporciona uma má
infraestrutura e uma frágil imagem no mercado internacional.
PROBLEMAS AMBIENTAIS
As
olimpíadas são um evento gigantesco, e por isso é claro necessitam
de muito espaço para suas apresentações,mas isso é claro pode
afetar o meio ambiente. Muitas leis de preservação ambiental que
protegiam importantes reservas ambientais no Rio, foram mudadas ou
até abolidas. E para piorar, algumas foram vendidas a grandes
empresas empreiteiras para patrocinarem os jogos em troca.
O
local escolhido para a construção do Campo Olímpico de golfe é um
grande exemplo disso. Pois ele ocupará 1 milhão de metros quadrados
de Mata Atlântica. Na qual havia uma mistura de mangues e pântanos
com cerca de 300 espécies ameaçadas de extinção, como o
jacaré-de-papo-amarelo, e o falcão peregrino.
A
prefeitura ignorou um conjunto de leis, desde a Lei
Federal da Mata Atlântica
e o Código
Florestal até
leis municipais que classificam a maior parte da terra como Área
de Proteção Ambiental (APA), sujeitos às rígidas regras
sustentáveis de uso da terra. A
parte remanescente da parcela usada para a construção do campo era
parte da Reserva Municipal Marapendi, uma área em “proteção
permanente”, teoricamente
fora dos limites de todo
e qualquer desenvolvimento.
Dadas
essas proteções, a lei aprovada em dezembro de 2012 é extrema em
suas cláusulas. Primeiramente, ela autoriza a construção do
campo de golfe dentro das fronteiras da
Reserva Marapendi, usando a justificativa de que a construção
de um campo de golfe se qualifica como uso sustentável da
terra. Além disso, a lei redesenha as fronteiras da Reserva
Municipal Marapendi com o intuito de cortar completamente a
seção que se enquadra no local do campo de golfe. A lei, de
fato, anula o status de área em “proteção permanente”,
entregando este pedaço de terra pública a um empreendedor
privado, RJZ Cyrela.
Por
fim, a organização Cyrela irá utilizar o espaço adquirido para a
construção de inúmeros projetos de condomínios e apartamentos de
luxo caríssimos. Cada apartamento desses novos prédios custa mais
de R$ 16 milhões cada. E a parte mais interessante é todos serão
construídos em espaços de preservação ambiental, para que em
troca o governo brasileiro possa ter capital e espaço suficientes
para a construção de apenas um campo olímpico, então imagine
quanto espaço foi devastado e vendido para a efetivação do locais
de treino e eventos esportivos restantes.
Finalmente,
pode-se concluir que a economia não será a única afetada de modo
negativo pelas olimpíadas. O meio ambiente também sairá perdendo,
na tentativa da dianteira do país que tenta melhorar a imagem
internacional do Brasil para o resto do mundo, e tudo isso sem
garantias é claro. Com isso, torna-se necessário uma mudança de
rumos na estratégia de realçada econômica do Brasil, pois atual
não dando resultados até agora.
Fonte de pesquisa
Entrevista
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